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Epagri estima perdas de R$ 155 milhões na agropecuária camponovense
24-04-2020Além do déficit hídrico acumulado desde 2019, chuvas mal distribuídas e altas temperaturas contribuem para os impactos negativos nas principais culturas.
As chuvas mal distribuídas na região de Campos Novos, no período de novembro/2019 a março/2020, período de cultivo da safra de verão, podem gerar prejuízo econômico de R$ 150,1 milhões nos principais cultivos agrícolas de Campos Novos – milho, soja e feijão. Juntamente com as perdas na bovinocultura leiteira e de corte, os prejuízos projetados são na ordem de R$ 155 milhões, com perdas na produção de leite e de terneiros.
As projeções das perdas agropecuárias em Campos Novos constam no laudo técnico da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) entregue a Prefeitura de Campos Novos na quarta-feira (15). Conforme o engenheiro agrônomo da Epagri, Eduardo Briese Neujahr, as médias de precipitação no período ficaram aquém das médias históricas, no entanto, o principal fator de interferência, foi a má distribuição espacial e temporal das chuvas nas principais culturas exploradas no período.
Entre fevereiro e março desse ano, período que ocorre maior parte da formação e enchimento dos grãos nas culturas de soja e milho e que requer maior demanda de água, foi o período que pouco choveu. O volume de chuvas de fevereiro, associado a altas temperaturas, não foi suficiente, já que com evaporação rápida, impediu que a água infiltrasse no solo. “O déficit hídrico ocorrido no período associado a pouca precipitação ocorrida no período inicial de desenvolvimento das plantas, proporcionaram agravamento nas perdas de produtividade”, diz o laudo.
O maior impacto poderá ser sentido nas plantações de soja, onde a produção deve diminuir 33% em relação a produtividade esperada, conforme a Epagri. Isso representa 74,7 mil toneladas a menos e perdas de R$ 113,3 milhões, usando os indicadores de preços de mercado do dia 16 de abril. Nesta safra, as lavouras de soja ocuparam 55,5 mil hectares em Campos Novos e a produção esperada é de 226,4 mil toneladas.
Para o milho, as perdas podem chegar a 30%, significando 42,7 mil toneladas a menos, com prejuízo de R$ R$ 31,3 milhões. A área plantada de milho foi 12,5 mil hectares e produtividade esperada em 142,5 mil toneladas. A safra de feijão também é estimada para baixo, 15% menor, com perdas de R$ 5,4 milhões, representando 1,2 mil toneladas a menos. A área plantada de feijão é de 4 mil hectares em Campos Novos.
Os resultados finais da safra de grãos devem ser divulgados no fim de maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), onde se poderá confrontar as estimativas de perdas com a realidade encontrada nas lavouras. A colheita das lavouras de soja, milho e feijão estão em fase final, restando poucas áreas. Até 10 de maio, a colheita dessas culturas deve estar finalizada na região de Campos Novos.
Contradição mato-grossense
O clima seco na região de Campos Novos prejudica a produção, mas o excesso de chuvas também. Os sojicultores da filial da Coocam no Mato Grosso viveram essa realidade e perderam produtividade. Primeiramente os mato-grossenses lidaram com a estiagem durante a germinação e desenvolvimento vegetativo, com baixo volume de chuva e temperaturas altas, o que prejudicou o enchimento dos grãos e diminuiu o potencial produtivo.
Após a seca do mês de dezembro, o período de colheita foi ainda mais preocupante, pois choveu em quase todo o período. “Infelizmente tivemos chuva durante toda a colheita da soja e isso acabou impactando a qualidade dos grãos”, disse o técnico agrícola da filial da Coocam de Ribeirão Cascalheira, Marcelo Correa Prates.
Naquela região, a média de produtividade caiu 10% comparado ao ano passado. Na safra de verão 2018/2019 os produtores colheram 55 sacas de soja por hectare, esse ano a média foi de 50 sacas por hectare. A colheita de soja já finalizou para os produtores da Coocam, no Mato Grosso. “Nossos produtores colheram com ênfase, entre os dias 17 de janeiro até 20 de março, porém, até a última semana ainda estávamos envolvidos porque os produtores ainda estavam colhendo pequenos talhões”, explicou Marcelo.
A filial do Mato Grosso atende mais de 50 produtores na região de Ribeirão Cascalheira, Bom Jesus do Araguaia, Querência e São Felix do Araguaia, somando cerca de vinte mil hectares de lavouras de soja neste ano, com uma diminuição de área em torno de 15%.
Fonte: Jornal Folha Independente