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Incentivos ao plantio de cereais de inverno para produção de rações foi tema na Expointer
11-09-2018O camponovense João Carlos Di Domenico participou da reunião que reuniu líderes do setor do agronegócio, em Esteio (RS).
Durante a 41ª Expointer – feira agropecuária de destaque internacional realizada no mês de agosto em Esteio (RS), diversas alternativas foram discutidas, colocadas em evidência ou expostas no evento referência do agronegócio. Dentre os assuntos entre os líderes do setor, um deles esteve relacionado aos temas que pretendem colocar no Fórum Mais Milho do próximo ano. Muitos avanços na reunião com debates pautados além do milho, como a discussão de incentivos ao plantio de cereais de inverno, especialmente trigo, aveia branca, cevada e triticale, para produção de rações.
O encontro que foi organizado pelo Canal Rural, no dia 28 de agosto, teve a participação de entidades de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, como Secretarias de Agricultura dos dois estados do Sul do Brasil, Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro) também dos dois estados, Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), representantes de cooperativas e especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Juntos os líderes do setor buscam opções para o aumento da produtividade e da eficiência na produção de milho no Brasil, além de discutir soluções para o déficit que regiões produtoras de proteína animal enfrentam no sul do Brasil. O camponovense, João Carlos Di Domenico, presidente da Cooperativa Agropecuária Camponovense (Coocam), que também está como vice-presidente da Fecoagro/SC, participou da encontro de líderes do cooperativismo. “Estamos em busca de alternativas para escassez de milho, um verdadeiro problema do nosso país. Nesta reunião falamos sobre, como as culturas de inverno podem ajudar a compor a ração animal”, disse João Carlos, completando que o consumo de milho é de cerca de sete milhões de toneladas e nesta safra, por exemplo, a produção deve ser em torno de três milhões, ou seja, um déficit de aproximadamente quatro milhões de toneladas.
O grande problema da falta do grão está ligado à produção insuficiente, alto custo do frete, exportações e a produção de etanol com milho no Centro Oeste. A falta de matérias prima para alimentação animal está centralizada especialmente nas regiões Sul e Nordeste. “Nós precisamos diminuir esse déficit, porque a maior parte do milho do Mato Grosso está sendo exportado. Se conseguíssemos produzir cultura de inverno, principalmente trigo que é um cereal que substitui o milho à altura, teríamos pelo menos umas 500 mil toneladas e isso já ajudaria resolver o problema.”
O secretário de Agricultura de Santa Catarina, Airton Spies, participou do encontro. Em seu discurso ele sugeriu discutir algumas alternativas como mais tecnologia, mais produtividade, investimento em armazenagem, a opção de buscar milho do Paraguai e, principalmente, a adoção de maior quantidade de cereais de inverno na alimentação de suínos e aves. Neste cenário a Embrapa teria papel importante no desenvolvimento de variedades específicas voltadas a ração animal.
Pesquisa
Pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, realizaram um estudo com o tema “viabilidade técnica e econômica do uso de cereais de inverno na alimentação de suínos e aves no Brasil”. Os cereais de inverno são muito utilizados na alimentação animal, na Europa, Ásia, Austrália e Canadá. No Brasil o nível de uso de cereais é baixo, devido à pouca produtividade e custo de produção.
Diversas lideranças participantes questionaram a ausência de representantes da indústria da proteína animal. A maioria concorda que um projeto de incentivo só funcionará se tiver apoio da indústria. O planejamento com foco no maior equilíbrio entre oferta e demanda também depende desta união de todos os elos da cadeia. O Canal Rural se comprometeu a buscar a participação deste segmento para os fóruns.
Na noite de quinta-feira (06), o presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, esteve em Campos Novos participando da posse da nova diretoria do Sindicato Rural e também comentou sobre o evento de Esteio. Na opinião dele, as agroindústrias aceitarão essa possibilidade, por ser uma alternativa economicamente viável. “A Embrapa para vai buscar sementes especiais que sejam úteis para fazer ração, para dar o mesmo resultado que o milho. Vamos voltar a produzir a safra de inverno aqui em Santa Catarina, assim como acontece no Paraná e no Rio Grande do Sul”, enfatizou o presidente da Faesc, completando que nos momentos de crises surgem as boas ideias.
Fórum Mais Milho
O evento é realizado há três anos, pelo Canal Rural em parceria com a Fecoagro/SC, Ocesc, Faesc e Secretaria de Agricultura de SC, e tem enfocado o abastecimento de milho para as agroindústrias e criadores de suínos, aves e leite. Diversas propostas já foram tratadas nesses eventos, buscando o aumento da produtividade da área do cereal em Santa Catarina, com relativos avanços em volumes de oferta, variando de acordo com o comportamento climatológico. O objetivo para o próximo Fórum é incentivar o aumento da produtividade e da eficiência na produção de milho no Brasil, além de discutir soluções para o déficit que regiões produtoras de proteína animal enfrentam no sul do Brasil.