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Safra cheia e preços retraídos para milho e soja
08-06-2017Produtor deve aguardar e aproveitar janelas com melhores condições de comercialização recomenda diretor comercial da Coocam
Um ano de dificuldade para a comercialização de soja e milho no Brasil. O cenário com a safra recorde é de excesso de oferta e preços retraídos. Para o vice-presidente e diretor comercial da Cooperativa Agropecuária Camponovense (Coocam), do município de Campos Novos, Riscala Fadel Junior, duas situações devem ser avaliadas, a do produtor que tem dívidas e dos que não possuem financiamento.
No caso da soja, as perspectivas de algumas janelas para melhoria no preço, são animadoras. "Então tem duas situações, aquele produtor que não tem dívidas pode esperar algumas janelas que vão ter. Por exemplo, esta instabilidade política no Brasil pode dar uma mexida no dólar e principalmente a soja que é atrelada à moeda norte americana, poderá ter um sobre preço sobre a sua produção. A soja tem comprador, tem uma liquidez mais fácil. A China, por exemplo, é um grande comprador de soja e se for analisar a rentabilidade por hectare, a cultura é bem superior a do milho. O valor é quase três vezes o preço do milho", analisou o diretor comercial.
Para o milho, porém, não há perspectiva de melhoria de preço. "O milho é mais complicado, não é dolarizado e a exportação está muito baixa. Perspectiva para o milho subir de preço não é amimadora. O produtor se tiver dívida terá que vender, senão fica pagando juros. E aquele produtor que não tem dívidas, esse pode esperar um pouco mais, porque ano que vem provavelmente se forem mantidos esses preços deprimidos do milho, vai haver uma redução de área e lá na frente melhora o preço. Então há duas estratégias, produtor que tem dívidas e o que não tem dívidas. Quem tem dívida terá que vender, porque o juro do banco não irá cobrir uma correção do preço em longo prazo", considerou Riscala Fadel Junior.
A soja que chegou a ser comercializada a R$ 90,00 a saca no ano passado na Coocam, estava em R$ 59,00 na última terça-feira. Para o milho, R$ 23,00 a saca, no ano passado o valor chegou a R$ 48,00.
O diretor comercial afirmou ainda que no Sul, não há problemas de armazenagem para o produtor em condições de deixar o produto estocado e aguardar o mercado futuro. "Aqui no Sul sim, o problema maior é no Norte, onde tem a Safrinha, que produz dois terços da safra nacional e lá não tem armazém para o milho. Como lá não chove nesta época, eles armazenam a céu aberto e em silos-bolsas, porque tem muita soja nos armazéns. Na nossa unidade no Mato Grosso não podemos receber nada de milho, está estocado tudo com soja".
A colheita de soja na área de abrangência da Coocam já foi finalizada e o recebimento chegou próximo a 2,3 milhões de sacas. Já no milho o recebimento deve ficar entre 800 a 900 mil sacas.
Mesmo com preços retraídos, a safra recorde equilibrou a balança comercial brasileira. Após oito trimestres de queda, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil voltou a crescer e avançou 1% em relação ao 4º trimestre de 2016. O grande destaque foi para a agropecuária que registrou a maior expansão em 20 anos, com um crescimento de 13,4% no último trimestre, gerando R$ 93,4 bilhões. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB no primeiro trimestre de 2017 totalizou R$ 1,595 trilhão.
De acordo com o IBGE, soja, milho, arroz e fumo respondem por 50% do PIB da agropecuária do país.
Texto: Jornal O Celeiro/Campos Novos